terça-feira, 5 de abril de 2011

Festival de Curitiba: Peça de Shakespeare

Publicado em 31 de março de 2011 no Diário do Nordeste por MAYARA DE ARAÚJO

Gente gostei tanto dessa matéria que postei ela para vocês lerem...
O teatro nordestino comprova sua força no Festival de Curitiba. O destaque da abertura foi a recente parceria do grupo Clowns de Shakespeare (RN) com o diretor Gabriel Villela

O texto base da peça era, de fato, uma tradução de "Ricardo III", de William Shakespeare. Mas William, meu caro, aquela não era a sua peça. Era, sim, uma senhora releitura, capaz de desconstruir, deslocar o texto do dramaturgo inglês, encontrando no quebra-cabeças espaços para o sertão nordestino, a cultura urbana e o rock britânico. E funcionou? Acredite: todas as referências conviveram em completa harmonia.

Aliás, as palavras referência e harmonia são as que melhor podem descrever o espetáculo "Sua Incelença, Ricardo III", montado pelo grupo de teatro Clowns de Shakespeare com direção do mineiro Gabriel Villela. Escolhida para abrir a 20ª edição do Festival de Teatro de Curitiba, a peça reproduz em linguagem culta a obra shakesperiana, relembrando às ruas a o caráter popular do teatro produzido pelo dramaturgo inglês em seu tempo.


O espetáculo se passa ao final da Guerra das Rosas, em uma disputa pela sucessão do trono inglês. Adotando por armas a crueldade e a ironia, Ricardo, o Duque de Gloucester, segue uma vil sequência de embustes e matanças em prol do título de realeza. Eram por volta das seis da tarde e a pequena arquibancada montada no Largo da Ordem, em Curitiba, já estava lotada. Não deu para quem quis. E já que era mesmo teatro de rua, o povo foi dando seu jeitinho e sentando no chão.

A ideia, no entanto, não agradou, e alguns na plateia reclamavam (com razão) que a arquibancada poderia ter sido um tanto maior. Faltando cerca de meia hora para o início do espetáculo, marcado para as 19h, uma garoa fina fazia saltar na fronte de Gabriel Villela uma discreta ruga de preocupação: o céu curitibano estava mesmo, em um bom "cearês", "bonito para chover". O firmamento deu, contudo, a sua trégua, resguardando o pau d´água para o exato fim do espetáculo.

Apesar de classificado como teatro de rua, o cenário composto por Villela tem organização de palco italiano: a 180 graus, voltado para uma plateia dianteira, mantendo a quarta parede. No entanto, a afirmação perde sua relevância diante dos elementos utilizados e da estética elaborada. A peça, apesar de poder ser realizada em palco italiano, é sim teatro de rua, porque é artesanato, é cultura popular. Traz na essência o sentimento de gratuidade ao povo, devolvendo a ele as referências que tomou emprestado para a produção da montagem. Para além da peça, muitos estavam ali também para prestigiar o diretor, cuja assinatura é sinônimo de honestidade, qualidade e riqueza de detalhes.

Miscelânea

Desde a montagem do cenário, a pesquisa em torno dos referenciais e do modo como seriam concatenados ia se revelando. Os adereços elaborados pelo artesão potiguar Shicó do Mamulengo davam à cena as cores e texturas de uma peça não apenas representativa de um sertão -clichê, mas realmente elaborada nele. O processo de produção foi sobretudo resultado de uma mistura firme e brasileiríssima: a cultura potiguar com a "nordestinidade" do interior de Minas Gerais.

E o mineiro Villela somado aos potiguares Clowns de Shakespeare comprovaram, a seu modo, a teoria de muitos historiadores que acreditam: para além das divisões geográficas, Minas Gerais é região Nordeste. "Minas cultua muito essa coisa dos costumes ibéricos, assim como o Nordeste. Para a produção desse espetáculo, voltei às minhas origens mineiras e também conheci o interior do Rio Grande do Norte. Se não tivesse conhecido Acari e a vila de pescadores, teria saído algo muito do litoral. Fomos pro sertão e tudo aconteceu lá", reconstitui Villela. "O diferencial do mineiro é o talento para estetizar. Os nordestinos são mais explícitos, chegam com tudo, o mineiro é quietinho, conquista comendo pelas beiradas, então temos essa coisa de ir dizendo indiretamente", teoriza Villela.

Preparação

Atores-cantores-dançarinos-músicos-pesquisadores. O que os professores de teatro consideram fundamental para uma completa formação em artes cênicas pode-se ver, com surpresos e bons olhos, no grupo Clowns de Shakespeare. Em "Sua Incelença, Ricardo III", a companhia tira seus ases da manga, seus coelhos da cartola, revelando toda a técnica e o talento de seus atores. Marco França, que encena o protagonista Ricardo III, é um verdadeiro artista dos palcos, ator de excelente performance, voz limpa e voraz e ainda músico. Foi ele um dos responsáveis pela preparação musical e pelos arranjos produzidos para a montagem. O vozeirão dos outros atores também impressiona: sincronizados, harmônicos, celestiais como devem ser excelências.

E no fim do espetáculo, já no camarim, ao subir para cumprimentar os atores, uma surpresa: não é que havia entre eles um cearense? O fortalezense Joel Monteiro, de 28 anos, integrante do Teatro Máquina, lá estava entre o elenco.

Ele conheceu o grupo potiguar em 2004, durante o Festival de Teatro de Guaramiranga e continuou mantendo contato com a companhia. Ano passado, mudou-se para Natal a fim de fazer mestrado em Artes Cênicas na UFRN e soube da parceria entre Clowns de Shakespeare e Gabriel Vilella. "Eles estavam no começo do processo de montagem, iam começar em junho ou julho e precisavam justamente de um ator para o elenco e eu não perdi a oportunidade", afirma Joel.

Segundo ele, a preparação em torno da interpretação e compreensão dos textos ficou bastante a cargo de Gabriel Villela. "Ele tem uma convicção do que quer e do que é arte popular, então pode explicar tudo pra gente e isso na prática, fazendo". O ator revela, no entanto, que também o elenco foi decisivo no processo de pesquisa. "Até o primeiro momento queríamos usar apenas o repertório inglês, mas quando decidimos pelas músicas populares o Gabriel pediu para que apresentássemos a ele algumas referências. Daí vieram as excelências, as canções populares... No terceiro ato, utilizamos um romance chamado ´Cabelera´, da Dona Militana, uma senhora do Rio Grande do Norte, e em cima da melodia criada por ela Fernando e Gabriel fizeram a composição da letra".

Para Joel Monteiro, ao fazer a abertura de um dos principais festivais de artes cênicas do Brasil, o nordeste avança no cenário artístico, não apenas nacional. "Nossa presença aqui é muito importante para a produção nordestina. Mostramos que temos qualidade para abrir qualquer festival de qualquer porte no Brasil e até fora dele. A gente vê o potencial dos artistas nordestinos e se orgulha junto".

MAIS INFORMAÇÕES

Festival de Curitiba 2011 - Até 10 de abril, na capital paranaense. Locais e programações: http://www.festivaldecuritiba.com.br

quarta-feira, 30 de março de 2011

A Eterna Cleo!!





Oi pessoal!

É com tamanha tristeza que menciono a morte(23/03/11) de Elizabeth Taylor grande atriz de Hollywood talvez uma das últimas da grande época áurea da década 40-60.

Seu trabalho no cinema e sua dedicação a luta contra a Aids vão ser lembrados sempre por aqueles que a conheceram, conviveram ou já ouviram falar e para as futuras gerações.

Na imagem acima, evidencia os olhos cor violeta que tantas mulheres invejaram e tantos homens desejaram no papel da rainha do Egito Cleópatra. Apesar de sabermos que a rainha do Egito não era branca e muito menos de olhos claros, não há dúvida que Taylor interpretou tão bem o papel da mulher sedutora que não consigo imaginar outra pessoa interpretando.

Com certeza vai deixar muitas saudades...

quinta-feira, 10 de março de 2011

PROGRAMAÇÃO I Encontro de Dramaturgia, Teatro e Cinema

PROGRAMAÇÃO:

27.03 (domingo): Dia Mundial do Teatro e do Circo!
17:30h – Esquete: Mundo Cão (baseado em Zoo Story, de Edward Albee)
Atuação: Diego Landin (UFC) – Adaptação e direção: Washington Hemmes (projeto cadaFalso)

18:00h – Edward Albee: linguagem e decadência
Bate-papo: Washington Hemmes (projeto cadaFalso) e Diego Landin (UFC)
Mediador: Tiago Fortes (UFC)

28.03 (segunda):
19:00h – Esquete: Improviso de Ohio (de Samuel Beckett). Com Diego Landin (UFC)
– Curta: Improviso de Ohio (de Samuel Beckett). Atuação: Jeremy Irons
19:30h – Esperando Beckett (contribuições para a Arte Contemporânea)
Mesa-redonda com Manoel Moacir (UNIFOR), Carlos Augusto Viana (UFC) e Tito de Andrea (projeto cadaFalso/UFC)
Mediador: Washington Hemmes (projeto cadaFalso)

29.03 (terça):
19:00h – Trechos dos filmes: Faust, (Murnau, 1926) e Faust (Svankmajer, 1994)
19:30h – A estrutura mítica do pacto fáustico (desdobramentos de Cristopher Marlowe a Gertrude Stein)
Palestra com Washington Hemmes (projeto cadaFalso)
Mediador: André Bonfim (PUC/RS)

30.03 (quarta):
19:00h – Trechos de filmes adaptados a partir das obras de Shakespeare
19:30h – Milk-Shakespeare – dramaturgia, teatro e cinema
Mesa-redonda com Aldo Marcozzi (UECE) e Marcel Vieira (UFC)
Mediador: Washington Hemmes (projeto cadaFalso)

31.03 (quinta):
19:00h – A obra dramático-musical de Chico Buarque
Bate-papo musical com Tiago Arrais (IFCE) e Washington Hemmes (projeto cadaFalso)

I Encontro de Dramaturgia, Teatro e Cinema

O I Encontro de Dramaturgia, Teatro e Cinema é uma parceria do "projeto cadaFalso" com a UECE (Universidade Estadual do Ceará) e será realizado na Livraria Cultura Varanda Mall (Av. Dom Luís c/ Av. Virgílio Távora), no período de 27 a 31 de março.

O objetivo do evento é divulgar para o público geral as pesquisas acadêmicas em torno do teatro, da literatura dramática e da intersemiose teatro-cinema. Para isso, juntamos professores, pesquisadores e estudantes de artes de várias instituições de Ensino Superior de Fortaleza: UECE, UFC, UNIFOR e IFCE.

A PROGRAMAÇÃO COMPLETA pode ser vista no site da Livraria Cultura:
http://www.livrariacultura.com.br/scripts/eventos/home_cidade.asp?local=6&sid=7181512271331418673839811&k5=3174BFF9&uid=

Quem quiser receber certificado de participação (emitido pela UECE), terá de comparecer pelo menos três dias da programação e já pode inscrever-se através do emeio: projeto.cadafalso@gmail.com

Outras informações: (85) 8717-2610

Dia 27 de março: Dia Mundial Do Teatro e do Circo!!!

A pedido do Prof Washington estou divulgando esse evento. Maiores informações entrem também: http://projetocadafalso.blogspot.com/

quarta-feira, 9 de março de 2011

Lançamento do Núcleo Interdisciplinar em Pragmática da UECE

O Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada da Universidade Estadual do Ceará (POSLA) lançará, no dia 15 de março de 2011, o Núcleo Interdisciplinar de Estudos em Pragmática, durante a aula inaugural do Mestrado 2011. O lançamento será no auditório do Centro de Humanidades, a partir das 16 horas. Quem abre a programação é a Professora e Doutora Joana Plaza, da Universidade Federal de Goiás (UFG), que ministrará palestra com o título “Além da Língua: estudos críticos em Linguística”, em seguida pelo também Professor e Doutor Kanavilil Rajagopalan, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que falará sobre a “Nova Pragmática”.

De acordo com a coordenadora do POSLA, Professora Claudiana Nogueira Alencar, o Núcleo é o primeiro centro de estudos em Pragmática do Ceará e tem como objetivo projetar e ampliar as pesquisas que vêm sendo realizadas no POSLA em pragmática cultural, uma pragmática comprometida com a intervenção social e as questões culturais do nosso tempo. As formas de violência, as desigualdades, a exclusão social, o racismo cultural são questões que dizem respeito à linguagem. O núcleo pretende agregar membros docentes e discentes de vários centros e faculdades da UECE e de outras universidades brasileiras e estrangeiras. A professora também afirma que são poucos os centros de estudo em Pragmática no Brasil. Daí a importância da ação no Estado.

Serviço:
Lançamento do Núcleo Interdisciplinar de Estudos em Pragmática do Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada da UECE

Local: Auditório do Centro de Humanidades da UECE
Horário: 16 horas
Palestras:
“Além da Língua: estudos críticos em Linguística” (Aula inaugural do Mestrado em Linguística Aplicada)
Profª. Drª. Joana Plaza Pinto (UFG)

“A Nova Pragmática”
Profº. Drº. Kanavilil Rajagopalan (UNICAMP)
Horário: 17h

Escrito pela Jornalista Érica Azevedo
Divulgação: Elisiany Leite
Amanda Costa e Dulce.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Relato do Ator Ralph Fiennes sobre Coriolanus

Ralph Fiennes explica a inspiração para fazer o filme Coriolanus adaptação da peça do mesmo nome de William Shakespeare:

"Ao ver na televisão imagens da guerra da Chechênia ou do Iraque, ou os distúrbios nas cidades, convenci-me de que meu cenário estava ao nosso redor", acrescentou.

A obra, escrita em 1607, conta a ascensão do general romano Caio Marcio Coriolano (Fiennes), que encontra a glória combatendo com valentia até sua decadência e desterro, por desprezar o povo. Quando ataca Roma só o apelo de sua mãe, interpretada por Vanessa Redgrave, impedirá que arrase com a cidade.

Rodada na Sérvia, esta adaptação da obra à guerra moderna conserva a língua inglesa do século XVII, "familiar" aos ouvidos de Vanessa Redgrave.

"Conheço-a desde a minha infância, líamos sempre na igreja uma Bíblia em uma tradução contemporânea de Shakespeare", disse a atriz.

De Julio Olaciregui (AFP)

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Dança- Romeu e Julieta

De todas as peças escritas por William Shakespeare, Romeu e Julieta é indubitavelmente a que mais tem sido utilizada como tema para a dança. A Companhia Nacional de Bailado mostra a sua versão. A estrear dia 17 de Março.

A história do Romeu Montéquio e Julieta Capuleto e o seu trágico e romântico destino, causado pela rivalidade entre as suas famílias, foi escrita nos finais do séc. XVI (1594-1595).

Grande parte do sucesso que as inúmeras produções de bailado desta obra obtiveram no séc. XX não se deve somente à magnificência da obra de Shakespeare mas também à sua frequente associação com a música de Sergei Prokofiev, escrita em 1935, pouco após o seu regresso à União Soviética.

Esta versão de Romeu e Julieta, coreografada pelo sul-africano John Cranko para o Teatro alla Scala de Milão em 1958, foi estreada pela Companhia Nacional de Bailado no ano de 2001 e é, ainda hoje, uma das versões coreográficas de referência.

Pelo Jornal Diário de Notícias- Lisboa, Portugal.