quarta-feira, 5 de maio de 2010
Lynn Redgrave morre aos 67 anos
1943-2010
Site: Cine Cartaz
A dinastia Redgrave, uma das mais importantes do teatro britânico, perdeu mais uma das suas estrelas Lynn Redgrave foi duas vezes nomeada para os Óscares: como melhor actriz por "Georgy Girl" (1966, Silvio Narizzano), um dos filmes-chave da Londres dos swinging sixties, hoje recordado pela canção-título dos Seekers, e como melhor actriz secundária por "Deuses e Monstros" (1998, Bill Condon). Mas a actriz, que morreu no domingo aos 67 anos, nunca teve a carreira que o seu talento merecia.
Nos 30 anos que separaram as suas duas nomeações da Academia, a irmã mais nova de Vanessa Redgrave participou em duas dezenas de filmes pouco recordados e fez carreira na televisão americana (como actriz convidada em séries como "O Barco do Amor", "Crime Disse Ela" ou, mais recentemente, "Donas-de-Casa Desesperadas" e "Betty Feia").
Lynn, contudo, nunca se preocupou com o que os outros pensavam das suas opções de carreira - era "uma actriz profissional", dizia, para quem cada papel era uma oportunidade de trabalho. E foi no teatro que a sua estrela mais brilhou, como conviria à filha de Michael Redgrave, um dos maiores actores britânicos do seu tempo - sendo também através do teatro que conseguiu estabelecer uma relação de afecto com o pai.
Depois de estudos na Central School of Speech and Drama, Lynn estreou-se em 1962 no Sonho de "Uma Noite de Verão", de Shakespeare, e foi no ano seguinte uma das actrizes fundadoras do National Theatre de Laurence Olivier, tendo representado peças de Noël Coward, George Bernard Shaw ou David Hare e contracenado com Maggie Smith, Derek Jacobi ou Peter O"Toole.
No espectáculo autobiográfico Shakespeare for My Father, um enorme sucesso na Broadway em 1994, Lynn evocava a sua infância no seio de uma das mais aclamadas dinastias do teatro inglês, num exorcismo terapêutico que a lançou igualmente numa inesperada carreira dramatúrgica.
Lynn escreveria, encenaria e representaria mais três peças relacionadas com a história da sua família, The Mandrake Root (sobre a sua mãe, Rachel Kempson), Nightingale (sobre a avó materna) e Rachel and Juliet (sobre a relação entre a mãe e a peça de Shakespeare Romeu e Julieta). Contracenou ainda várias vezes com a irmã - nomeadamente em 1990 numa lendária encenação londrina das Três Irmãs, de Tchekov, durante a qual Vanessa e Lynn cortaram relações (reconciliar-se-iam depois).
Lynn fora diagnosticada com cancro da mama em 2002 e, depois de uma mastectomia, escreveu com a filha Annabel um diário da sua convalescença. Este é mais um duro golpe para a dinastia Redgrave, após a morte, também com cancro, do irmão Corin, em Abril, e o acidente de esqui que vitimou a sobrinha Natasha Richardson, em Março do ano passado.
Texto escrito por Jorge Mourin
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