Como a nossa enquete mesmo traz, algumas novidades e news sobre o que está acontecendo no mundo relacionado a Shakespeare.O site é Dn cartaz.
Em Troilo & Créssida, pela primeira vez em cena em Portugal, na quinta-feira,dia 29, no Teatro de Almada, Shakespeare usa a guerra entre gregos e troianos para mostrar a humanidade vista à sua lupa, e ridicularizá-la através do riso.
Em entrevista à Lusa, Joaquim Benite, encenador da peça, afirmou que "esta é uma história sobre a guerra e sobre o amor, mas muito mais do que isso".
"Esta é considerada uma das peças mais interessantes, mais complexas e mais ricas de Shakespeare, tanto do ponto de vista da temática como do ponto de vista do realismo poético", acrescentou.
É uma lupa posta com circunstância nos vícios dos homens do seu tempo que os homens da história de hoje não perderam.
Para o encenador, "é o resultado de uma observação minuciosa da humanidade e de todos os aspectos negativos e positivos do comportamento humano".
Em cena, acredita Benite, Shakespeare quis "colocar a impossibilidade do amor numa situação extrema de confronto, condenando a violência da guerra e, olhando para o carácter burlesco de algumas cenas, quis destruir, pelo riso, tudo aquilo que a violência, o desejo de poder e a ambição têm de verdadeiramente ridículo e de desnecessário, de exterior à natureza humana".
O enredo da história escrita nos primeiros anos do século XVI, e que se desenrola em plena Guerra de Tróia, apoiado num romance, é, assim, pretexto do autor para ilustrar a rivalidade entre Espanha e Inglaterra, criticar políticos e aplaudir a mulher moderna.
Joaquim Benite explica que se trata de uma metáfora sobre o confronto de dois mundos: "Um com valores que já nesta época estavam em regressão, como os apresentados pela Espanha, e os valores modernos do comércio, do desenvolvimento da burguesia em Inglaterra".
Os troianos são os espanhóis, os gregos são os ingleses, "mais abertos, mais despidos da preocupação por valores morais, históricos ou nacionais, e muito mais movidos pelo interesse".
Aqui cabe ainda a crítica aos políticos, que surgem em cena a fazer discursos patrióticos, deixando, no entanto, muito visíveis os interesses pessoais, as rivalidades, os desejos de poder e as ambições por detrás do apregoado amor à pátria.
O elogio à mulher faz-se através da história de Créssida, uma troiana apaixonada pelo troiano Troilo, e que acaba, pelas vicissitudes da guerra, por ser trocada por um prisioneiro: "Aparece-nos como uma espanhola dos anos 70 que tivesse assumido a mentalidade e a personalidade de uma inglesa da mesma época", considera o encenador.
"É uma mulher que, confrontada com o amor e com a perturbação que a guerra sempre implica, escolhe, não o convento, nem a morte, como outras personagens de Shakespeare, mas a adaptação e a sobrevivência. E esta é uma posição moderna", acrescentou.
Joaquim Benite considera que, "pela profundidade, globalidade e diversos níveis de leitura", esta é uma peça que olha para os nossos dias com tanto sentido como aquele que tinha há cinco séculos, e cita Eugène Ionesco: "Deus criou o universo e Shakespeare criou a humanidade".
Troilo & Créssida estreia na quinta feira,dia 29, às 21:30, na sala principal do Teatro Municipal de Almada, e fica em cena até 16 de Maio.
A peça, que foi uma coprodução da Companhia de Teatro de Almada, Companhia de Teatro do Algarve e Companhia de Teatro de Braga, vai ainda passar pelo Auditório Municipal de Lagoa, a 22 e 23 de Maio, e pelo Theatro Circo de Braga, de 3 a 5 de Junho.
quarta-feira, 28 de abril de 2010
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